Ícone SewerCalc Ícone SewerCalc

Manual de Utilização - Plugin para dimensionamento hidráulico de redes de esgotamento sanitário no QGIS

1. INTRODUÇÃO

O plugin SewerCalc foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar no dimensionamento hidráulico de redes coletoras de esgoto sanitário, com base nos critérios estabelecidos pela NBR 14.486/2000. A ferramenta adota como critério principal a otimização da inclinação dos tubos, respeitando os limites mínimos de tensão trativa exigidos pela norma.

Além do dimensionamento, o plugin oferece funcionalidades voltadas à etapa de concepção do projeto, como:

  • Automação da coleta de cotas altimétricas
  • Renomeação dos trechos
  • Preenchimento automático dos parâmetros hidráulicos necessários para o cálculo

Como etapa final, o SewerCalc permite a exportação dos resultados em dois formatos:

  1. Planilha de memorial de cálculo, consolidando os dados técnicos do dimensionamento
  2. Arquivo XML compatível com o Autodesk Civil 3D, possibilitando a geração do projeto executivo

2. CONCEPÇÃO

2.1 VETORES

O processo de concepção requer a presença de três elementos fundamentais:

  1. Camada vetorial de pontos representando os Poços de Visita (PVs)
  2. Camada vetorial de linhas representando os trechos da rede coletora
  3. Camada raster contendo informações altimétricas (Modelo Digital de Elevação - MDE)

A camada raster é utilizada para:

  • Importação automática das cotas altimétricas dos PVs
  • Análise de pontos críticos durante o dimensionamento hidráulico
  • Geração do perfil altimétrico da rede coletora

Na ausência do raster altimétrico, é possível atribuir as cotas manualmente a cada PV, no entanto não terá acesso às funcionalidades descritas acima.

A estrutura geométrica esperada é:

  • PVs como feições do tipo ponto (Point)
  • Trechos como feições do tipo linha (LineString ou MultiLineString)
Interface gráfica do usuário mostrando a caixa de diálogo para criação de camadas vetoriais
Figura 1: Exemplo da caixa de diálogo da criação de camadas vetoriais.

Observação:

Todas as camadas utilizadas — PV (pontos), REDE (linhas) e MDE (raster) — devem estar no mesmo Sistema de Referência de Coordenadas (SRC), assim como o projeto QGIS e o ambiente virtual ativo.

Incompatibilidades entre os sistemas de referência podem provocar instabilidades e falhas no funcionamento do plugin, comprometendo a precisão das análises e dos resultados.

Antes de iniciar a concepção da rede, verifique o SRC adequado à área de estudo e assegure que todas as camadas estejam corretamente reprojetadas.

2.2 CONFIGURAÇÃO E DESENHO

Para iniciar a concepção da rede, acesse a opção Configurações do plugin, disponível na barra de ferramentas, conforme ilustrado na Figura 2.

Ícones de acesso as funções do plugin SewerCalc
Figura 2: Ícones de acesso às funções do plugin SewerCalc.

Ao selecioná-la, será exibida a caixa de diálogo apresentada na Figura 3, na qual é possível:

  • Selecionar as camadas vetoriais
  • Aplicar o estilo de simbologia às camadas
  • Inserir os parâmetros técnicos necessários para o dimensionamento
Caixa de diálogo da função de configuração do SewerCalc
Figura 3: Caixa de diálogo da função de configuração do plugin SewerCalc.

2.2.1 Poço de Visita (PV)

  • Inserir cada PV na posição adequada no mapa - no máximo 80 a 100 metros de distância entre eles, conforme recomendado pelas melhores práticas de elaboração de projeto.
  • Ao aplicar o estilo às camadas de PVs, o plugin cria automaticamente três colunas adicionais na tabela de atributos:
    • Vazão pontual de início de plano (L/s)
    • Vazão pontual de fim de plano (L/s)
    • Cota de topo (m)
Caixa de diálogo ao criar uma feição de PV
Figura 4: Caixa de diálogo ao criar uma feição de PV.
Definições e orientações:

Vazões pontuais:
Representam a quantidade de esgoto que entra na rede coletora em pontos específicos. Podem ser informadas considerando:

  • Início de plano: contribuição atual
  • Fim de plano: contribuição projetada (ex.: 20 anos)
  • Caso não haja estimativa, o campo pode permanecer em branco

Cota de topo:

  • Pode ser inserida manualmente ou obtida pela função Importar Cotas
  • Recomenda-se acionar essa função após a alocação de todos os PVs
Ícone de acesso a função de importar cotas
Figura 5: Ícone de acesso a função de importar cotas.

2.2.2 Rede de Esgoto

Para a criação da feição da rede devem ser observadas as seguintes restrições:

Direção do vetor linha da rede:

O dimensionamento é realizado considerando a inclinação com base no sentido em que a linha foi desenhada. Portanto:

  • A rede deve ser criada no sentido do escoamento (montante → jusante)
  • Todas as linhas devem convergir para o ponto de exutório escolhido

Desenho trecho a trecho:

    Na versão 1.1 do plugin, não há quebra automática de linhas, portanto:

  • Não é permitido criar um coletor contínuo em uma única feição. O desenho deve ser realizado trecho por trecho (PV a PV)
Trecho da rede de esgotamento sanitário
Figura 6: Trecho da rede de esgotamento sanitário.

Após a criação de um trecho, o formulário da feição será aberto automaticamente:

Formulário da feição rede
Figura 7: Formulário da feição rede.
Comprimento do trecho:
  • É preenchido automaticamente pelo plugin
  • Caso não seja exibido, será atualizado ao acionar Preencher Dados
Campo "Trecho com Contribuição":
  • Por padrão recebe o valor SIM
  • Indica que há contribuição de efluentes para aquele trecho (proveniente de imóveis ou outras ligações).
  • Caso exista um trecho sem nenhuma contribuição — seja de edificações, seja de outra origem — altere o valor para NÃO

2.2.3 Renomear Trechos

Após a criação das feições dos PVs e da rede, deve-se chamar a função de renomeação dos trechos (Figura 8). Essa função nomeia os coletores-trechos, definindo como coletor principal o conjunto de trechos com maior comprimento acumulado desde o início até o exutório.

Ícone da função Renomear Trechos
Figura 8: Ícone da função "Renomear Trechos".
Trechos renomeados
Figura 9: Trechos renomeados.

2.2.4 Preencher Dados

Após a renomeação dos trechos, é necessário executar a função Preencher Dados (Figura 10), que realiza as seguintes ações:

Ícone da função Preencher Dados
Figura 10: Ícone da função "Preencher Dados".
  1. Camada PV:
    • Adiciona o atributo CATEGORIA (identificando se é "ponta seca")
  2. Camada Rede:
    • Preenche o atributo CONTRIBUIÇÃO, atribuindo o valor "Sim" aos trechos vazios
    • Adiciona os atributos PV MONTANTE e PV JUSANTE
    • Completa os dados vazios do COMPRIMENTO DA REDE

3. DIMENSIONAMENTO E RESULTADO

Ao executar a função de dimensionamento (Figura 11), uma nova aba será aberta (Figura 12), permitindo a geração dos seguintes resultados:

  • Planilha de dimensionamento
  • Arquivo LandXML
  • Identificação de pontos críticos
Ícone da função Dimensionamento
Figura 11: Ícone da função "Dimensionamento".
Interface da função de dimensionamento
Figura 12: Interface da função de dimensionamento.

3.1 Planilha

Ao selecionar a opção "Gerar Planilha", um arquivo contendo os dados de dimensionamento é criado e salvo na mesma pasta dos arquivos SHP das camadas.

Exemplo da planilha gerada pelo SewerCalc
Figura 13: Exemplo da planilha gerada pelo SewerCalc.

3.2 Arquivo LandXML

O arquivo LandXML gerado é compatível com o Civil 3D e contém:

  • Geometria georreferenciada de PVs e trechos
  • Atributos de projeto (profundidade, cotas, inclinação, diâmetros)

Processo de Importação no Civil 3D:

  1. O arquivo é importado em seu estado bruto (Figura 14)
  2. O usuário deve aplicar estilos personalizados para visualização adequada do projeto (Figura 15)
Arquivo LandXML importado no Civil 3D (visualização inicial)
Figura 14: Arquivo LandXML importado no Civil 3D (visualização inicial).
Projeto após aplicação de estilos personalizados
Figura 15: Projeto após aplicação de estilos personalizados.

3.3 Pontos Críticos

O dimensionamento identifica automaticamente os pontos críticos da rede, que correspondem aos trechos onde o recobrimento da tubulação está abaixo do valor mínimo especificado.

Observação: Essas ocorrências geralmente estão associadas a depressões no terreno, resultando em trechos com recobrimento insuficiente ao longo da tubulação.

Processo de identificação:

  1. O sistema analisa toda a rede dimensionada
  2. Identifica os trechos com recobrimento inferior ao mínimo estabelecido
  3. Gera uma camada específica com pontos críticos
  4. Para cada trecho problemático, é criado um ponto na localização exata do menor recobrimento

Informações disponíveis:

  • Cotas do terreno e da tubulação e profundidade
  • Valor do recobrimento crítico identificado
  • Distância do ponto crítico em relação ao PV inicial do trecho (em metros)
Interface do formulário de informações da camada de pontos críticos
Figura 16: Interface do formulário de informações da camada de pontos críticos.

3.4 Perfil Longitudinal

A ferramenta de geração de perfis longitudinais pode ser acessada através do ícone ilustrado na Figura 17. Esta funcionalidade permite a visualização gráfica do perfil hidráulico dos coletores, conforme os parâmetros definidos no dimensionamento.

Fluxo de operação:

  1. Selecionar o ícone de perfil longitudinal (Figura 17)
  2. Configurar os parâmetros de visualização na interface (Figura 18)
  3. Visualizar o perfil gerado automaticamente (Figura 19)

Recursos disponíveis:

  • Visualização da declividade do terreno e da tubulação
  • Representação das cotas de fundo e topo dos PVs
  • Identificação de trechos com suas características
Ícone de acesso à ferramenta de perfil longitudinal
Figura 17: Ícone de acesso à ferramenta de perfil longitudinal.
Interface de configuração do perfil longitudinal
Figura 18: Interface de configuração do perfil longitudinal.
Perfil longitudinal gerado para o Coletor 2
Figura 19: Perfil longitudinal gerado para o Coletor 2.